Apesar de integrar o acervo do Parque
da Cidade, na Gávea, desde 1930, as obras de autoria do “Poeta do Traço”, como
ficou conhecido o artista português Fernando Correia Dias, só foram
identificadas recentemente.
Em 2013, 83 anos após a implantação, sua
neta, Fernanda Correia Dias, procurou a Prefeitura do Rio solicitando a limpeza
da fonte que se encontrava coberta por pichações. Na ocasião, apresentou à Gerência de Monumentos e Chafarizes, pesquisa que possibilitou a identificação
da autoria do mobiliário existente nos jardins.
Sobre o artista:
Mudou-se para o Brasil em abril de
1914, aos vinte e dois anos. Com proposta inovadora, seu trabalho
logo se destacou e em 1920 foi convidado pelo escritor Olegário Mariano para
ilustrar seu livro, "Últimas
Cigarras".
Em 1922 casou-se com a poetisa Cecília
Meirelles assumindo a ilustração de seus
poemas e livros, entre eles "Baladas
para El-Rei" (1925). Em 1987 “Ou Isto ou Aquilo”, de Cecilia foi publicado com as ilustração da neta dos dois, Fernanda Correia Dias.
Nesta mesma época, dedicou-se também à produção
de cerâmica com motivos de arte marajoara. O sucesso de seus pratos e vasos
rendeu-lhe, em 1928, o convite para produção em escala industrial através da Companhia
Cerâmica Brasileira e, em 1930, a publicação pela Revista O Cruzeiro, do artigo
intitulado: "Cerâmica Brasileira, a Obra Nacionalista de Correia Dias”.
Veja: Exposição em Portugal em comemoração aos 120 anos do nascimento de Fernando Correia Dias .http://www.youtube.com/watch?v=_rr8sAbJx-A
OBS: A Cia Cerâmica
Brasileira, fundada pelo empresário Américo Ludolf no Rio de Janeiro em 1910,
foi a primeira empresa a produzir porcelana para revestimentos de paredes e
pisos no Brasil.
Veja: Exposição em Portugal em comemoração aos 120 anos do nascimento de Fernando Correia Dias .http://www.youtube.com/watch?v=_rr8sAbJx-A
A
arte Marajoara no Parque da Cidade:
Breve histórico do parque
A história do Parque da Cidade remonta
ao século XVI, quando as terras onde hoje se localiza pertenciam à sesmaria
doada a Manuel Bento. No início do século XIX, foram adquiridas pelo arquiteto
francês Augusto Henry Grandjean de Montigny que, aproveitando os equipamentos
existentes, instalou uma olaria para confecção de tijolos destinados às suas
obras. Ao arquiteto é atribuído o projeto paisagístico original dos jardins.
Anos mais tarde, José Antonio Pimenta Bueno, o Marquês de São Vicente, comprou a propriedade para utilizá-la como residência de verão. Após a morte do Marquês, as terras foram vendidas ao Conde de Santa Marinha, Antonio Teixeira, que mandou remodelar os jardins e erguer a Capela de São João Batista (1887).
No início do Século XX, a propriedade
foi adquirida pela família Guinle, que promoveu diversas obras de reforma,
moldando a configuração atual do Parque. É nesse momento, no auge da febre do
estilo Neomarajoara que a piscina e os jardins da residência passam a abrigar a
arte de Correia Dias.
detalhe da cerâmica do piso
Enquanto na piscina a cerâmica compõe a
parede e o piso, nos jardins foram introduzidas uma bela fonte com o rosto de
um índio, em bronze, e dois bancos que passaram a se destacar no parque.
Em 1939, a família Guinle vendeu a propriedade ao então Distrito Federal (Cidade do Rio de Janeiro) que a utilizou como sede de 1941 a 1948, quando foi transformada em parque público.