A Cidade do Rio de Janeiro é repleta de fontes e chafarizes. Atualmente conta com cerca de 144 peças representantes de diferentes estilos e épocas.
Os primeiros, construídos ainda no Brasil Colônia (1500/1808), tinham a função de abastecer a população. Alguns existem até hoje e são relíquias do patrimônio nacional. Entre eles se destacam a Bica da Rainha no Cosme Velho e o de Mestre Valentim, na Praça XV.
Somente a partir do fim do século XIX surgiram os chafarizes ornamentais para embelezamento dos espaços públicos. Obras de arte de origem francesa, adquiridas por catálogos junto às Fundições do Val D’Osne, com arranjos de jorro de água compondo volume e altura passaram a fazer parte do mobiliário da capital do Império
Mas essa pesquisa se dedica aos chafarizes e fontes que desapareceram da Cidade, ora pela degradação da construção, outras vezes pela reformulação do espaço urbano e também pela falta de manutenção e consequente desgaste, junto a população, em função do abandono.
Esse levantamento foi realizado com base nas publicações existentes e através de fotos ou pinturas antigas (dados iconográficos). Por este motivo, há deficiência de informações nos registros, principalmente em relação à autoria e ao motivo de seu desaparecimento.
Os chafarizes que o tempo levou...
1. Chafariz da Carioca.
O primeiro chafariz construído com caráter público
foi o do Largo da Carioca.
Inaugurado em 1723, marca a conclusão da instalação
da rede, obra iniciada em 1718 pelo governador Antônio de Brito, para trazer a
água do Rio Carioca para a atual Rua Evaristo da Veiga. Era um chafariz barroco de
mármore com dezesseis bicas em bronze. Em 1820 foi demolido e construído outro,
temporário, em madeira.
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2. Chafariz de Grandjean de Montigny - Largo da Carioca.
Pulando para o século, XIX, porém no mesmo Largo da
Carioca, em 1834 foi iniciada a construção de um novo chafariz, projetado pelo
arquiteto Grandjean de Montigny. Inaugurado em 1848, tinha 35 bicas para o
abastecimento da população, tanques para as lavadeiras e um bebedouro de
animais. Foi demolido em 1925 na gestão do Prefeito Alaor Prata para
alargamento do Largo da Carioca e implantação de um novo paisagismo.
Voltando ao século XVIII...
3. Chafariz do Palácio dos Governadores.
Foi implantado pelo governador Gomes Freire de
Andrade em meados do século XVIII, provavelmente em 1750. Era de cantaria
lavrada em mármore e foi construído de acordo com o desenho e orientação de El-Rei D. Manuel com pedras vindas de Portugal. Para o
abastecimento de água, instalaram o cano condutor de chumbo embutido em pedras
perfuradas, envolvidas por grossas pedras e cal ao longo da atual Rua Sete de Setembro.
Ao instalar-se na cidade, em 1778, o Vice-Rei Luis
de Vasconcelos, verificou que esse chafariz localizado bem próximo ao palácio
era utilizado por escravos, aguadeiros e marinheiros. Incomodado, em 1789, a
pretexto de mudá-lo de lugar argumentando que o mesmo atrapalhava as marchas
militares e que estava em ruínas, mandou demoli-lo.
Como compensação mandou construir outro, próximo ao
cais, concretizado em 1789. Trata-se do chafariz de Pirâmide, de Mestre Valentim,
que se encontra até os dias de hoje na Praça XV.
4. Chafariz das Marrecas
Construído em 1785, tinha seu abastecimento oriundo
do Aqueduto da Lapa e situava-se na Rua dos Barbonos, hoje Evaristo da
Veiga. Foi construído por Mestre Valentim, no governo de D. Luiz de Vasconcelos,
em frente ao Passeio Público, separado dele pela Rua das Belas-Noites, depois
Marrecas.
As descrições relatam que possuía dois tanques: no
nível mais baixo, a água jorrava de cinco bocas de leão e no tanque superior,
do bico de cinco marrecas de bronze jorrava a água destinada ao uso doméstico. A
entrada era ornamentada por duas pilastras de pedra lavrada nas
extremidades do semicírculo e sobre as quais havia duas figuras de metal representando
o “Caçador Narciso” e a “Ninfa Eco”.
Em 1896, a ampliação do Quartel da Policia Militar
fez demolir o monumento mais interessante da época de Luiz de Vasconcelos.
As esculturas de Mestre Valentim foram recolhidas ao Jardim Botânico pelo Dr.
Barbosa Rodrigues e estão lá até hoje.
5. Chafariz do Largo do Moura
Foi construído em 1794, pelo Conde de Rezende, no largo entre o Museu Histórico Nacional e a ladeira do Morro do Castelo. Ali fora instalado o Regimento de Infantaria de Moura, a primeira unidade da Cidade e o local passou a se chamar o Largo do Moura.
Era uma fonte de forma retangular, de alvenaria cantonada e pilastras de pedra trabalhada, encimada por vasos de mármore. Tinha quatro longos degraus de granito colocados na frente e nos fundos.
Pela pintura de Ender constata-se a imponência da construção. Na lápide em pedra lioz lia-se a seguinte inscrição: “Ilmo. e Exmo. Sr. D. José de Castro, Conde de Rezende, Vice-Rei e capitão general de mar e terra do Estado do Brasil mandou edificar esta fonte. Ano MDCCXCIV.”
Não há registros quanto à data de sua demolição,
porém o local abrigou um necrotério que mais tarde deu lugar à construção de
pavilhões, quando houve a Exposição do Centenário da Independência (1922).
6. Chafariz das Lavadeiras
Foi uma obra realizada pelo Intendente Paulo Fernandes Vianna. Recebia as águas que abasteciam o Chafariz do Lagarto (na Rua Frei Caneca) provenientes dos Rio Andaraí e Maracanã por canos de madeira. Foi inaugurado em 24 de junho de 1818.
Foi uma obra realizada pelo Intendente Paulo Fernandes Vianna. Recebia as águas que abasteciam o Chafariz do Lagarto (na Rua Frei Caneca) provenientes dos Rio Andaraí e Maracanã por canos de madeira. Foi inaugurado em 24 de junho de 1818.
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